Quanto mais dinheiro investido estiver disponível para resgate, maior será sua liquidez. Se essa conversão for demorada ou implicar na perda da rentabilidade, pode-se dizer que o investimento é de baixa liquidez. Assim, se precisar dispor do dinheiro antes do prazo negociado, provavelmente perderá parte do valor.
Há ainda muita dúvida sobre o que é liquidez de investimentos, que, ainda por cima, é frequentemente confundida com a rentabilidade. Mas é importante que você saiba que os dois conceitos são diferentes e fazem parte do que se chama tripé dos investimentos.
Para entender mais sobre o tema e conhecer melhor a liquidez dos investimentos, preparamos o post de hoje. Confira!
Entendendo o que é liquidez de investimentos
Dependendo do tipo de aplicação em que você invista seu dinheiro, pode ser necessário que ele fique aplicado por determinado tempo, para alcançar a rentabilidade esperada.
Em geral, há uma espécie de balança, que leva em consideração três fatores:
- liquidez;
- rentabilidade;
- segurança.
Esse é o tripé dos investimentos de que falamos logo na introdução deste artigo. Quanto mais dinheiro investido estiver disponível para resgate, maior será sua liquidez.
Se essa conversão for demorada ou implicar na perda da rentabilidade, pode-se dizer que o investimento é de baixa liquidez. Assim, se você precisar dispor do dinheiro antes do prazo negociado, provavelmente perderá parte do valor.
Compreendendo a importância da liquidez
Observar essa variável em seus investimentos é fundamental para que você alcance o resultado desejado. Sem entendê-la, é possível que aconteçam situações desagradáveis, como precisar do saldo com urgência e demorar para tê-lo disponível, por estar preso a um investimento de pouca liquidez.
Por outro lado, quando você investe em uma aplicação de alta liquidez, mas não precisa dispor do dinheiro em pouco tempo, pode estar perdendo boas oportunidades de aplicá-lo em outras opções com resultados potencialmente melhores.
As diferentes opções de liquidez oferecidas são apropriadas para as mais diversas situações. Por isso, você deve compará-las às suas necessidades, respondendo a algumas questões.
- Qual a finalidade desse investimento?
- Qual o retorno que se pode esperar dele?
- Em quanto tempo o dinheiro precisa estar disponível?
Diferenciando a liquidez dos investimentos
A liquidez é uma só, não há variação de tipos. O que varia é o grau de liquidez dos investimentos. Para entender melhor os conceitos, seguem alguns exemplos:
Liquidez imediata
Permite que você resgate o dinheiro no momento que faz a solicitação, sem ter que esperar. A conta corrente é um exemplo. Veja que não há rentabilidade alguma, já que é uma aplicação de movimentação e não de investimento.
Liquidez diária (D + 1)
É aquela em que você recebe o dinheiro com rendimentos no dia útil seguinte à solicitação de resgate, como no Tesouro Selic, por exemplo, que acompanha a taxa de juros básica da economia. Aqui, você pede o resgate do saldo hoje e, amanhã, ele está na sua conta.
Liquidez em D+n
Observa-se quando há um espaço de tempo estabelecido entre a solicitação de resgate e a disponibilização do dinheiro na conta. Se for, por exemplo, D+30, você solicita o saque hoje e só recebe o valor daqui a um mês.
Liquidez no vencimento
Nessa opção, o dinheiro só fica disponível ao final do prazo negociado na hora da aplicação, sem possibilidade de resgate antecipado. LCI e LCA são exemplos clássicos. Ou seja, diante de uma emergência, você não pode contar com esse saldo, por estar atrelado a um investimento com liquidez no vencimento.
Algumas aplicações com liquidez no vencimento possuem, sim, a opção de resgate antecipado, mas isso está atrelado a uma perda significativa de valor. Por implicar um percentual de prejuízo, esse tipo de investimento também é considerado de baixa liquidez.
Liquidez nula
É aquela cuja data de retorno é incerta, como no mercado imobiliário. Mesmo que você tenha uma carteira de imóveis, pode não vendê-los no exato momento em que precisa. Assim, para conseguir resultados mais rápidos, precisa oferecer condições de mercado diferenciadas e, possivelmente, um desconto no preço de venda.
Como você não tem nenhuma garantia da data em que vai conseguir efetivamente negociar um imóvel, dizemos que esse é um investimento de liquidez nula.
É importante diferenciar a liquidez do período de carência. Alguns títulos precisam, por força de contrato, ficar aplicados por um período mínimo, antes do qual você não pode pedir o resgate sem chance de perda. Depois de passado esse prazo, você solicita o resgate, que obedece à liquidez do investimento.
Há opções de investimento que possuem prazo de carência de três meses, por exemplo. Depois desse período, a liquidez passa a ser diária.
Entendendo a aplicabilidade do tripé dos investimentos
Os três conceitos — rentabilidade, liquidez e segurança — interagem para oferecer diversas possibilidades de aplicação, para os diferentes perfis de investidor. Quer exemplos práticos?
Foco na liquidez
Você está aplicando o dinheiro que tem guardado, mas não possui nenhuma outra reserva além dessa. Se tiver uma emergência, terá que dispor dele. Então, precisa de um investimento que traga mais liquidez.
Tampouco é possível abrir mão da segurança, investindo, por exemplo, em day trade — a operação de compra e venda de títulos dentro de um único dia —, que tem os riscos próprios do mercado de ações.
Assim, é preciso sacrificar um pouco da rentabilidade e escolher opções com resgate imediato.
Foco na rentabilidade
Quem tem mais de uma reserva e está diversificando seus investimentos pode seguramente aplicar uma parte de seu dinheiro em ativos de renda fixa de longo prazo, que oferecem rentabilidade maior. Ou, por outro lado, fazer investimentos mais agressivos, mas com oportunidades de rendimento maiores, como no mercado de ações.
Isso não significa que investimentos de longo prazo são opções ruins pela baixa liquidez que apresentam. Depende da sua prioridade! Desde que se organize financeiramente para diversificar suas aplicações, você pode obter ótimos resultados equilibrando diferentes opções para maximizar sua rentabilidade.
Veja, por exemplo, os Certificados de Depósito Bancário (CDBs). São títulos de renda fixa considerados seguros, voltados para perfis conservadores, por terem boa liquidez e baixo risco. Mas há um considerável leque de opções.
CDBs pós-fixados indexados de acordo com o CDI estabelecem um percentual sobre ele (97%, 110% do CDI etc.). Você pode obter condições melhores investindo quantias iniciais mais expressivas ou abrindo mão da liquidez, ao escolher prazos de investimento mínimos mais extensos.
Ou seja: tanto para quem busca rentabilidade ou liquidez, o CDB pode ser uma ótima opção, que não prejudica a segurança do dinheiro.
Foco na segurança
Há, ainda, quem prefira focar na segurança, investindo em imóveis, por exemplo. O mercado imobiliário oferece baixa liquidez, embora seja considerado seguro.
Mas, se você precisar converter rapidamente um apartamento, por exemplo, em dinheiro, vai ter que fazer uma boa oferta, e isso implica abrir mão de parte de seu valor, como já exemplificamos.
Diferenciando liquidez de rentabilidade
Você já pode perceber que liquidez e rentabilidade são conceitos distintos. A primeira está bem clara, em termos de significado e impacto no retorno de seus investimentos.
Para tirar eventuais dúvidas, falaremos um pouco sobre rentabilidade. Ela é a capacidade de um ativo de gerar mais dinheiro. Quando você analisa o retorno de um investimento, vendo quanto obteve de saldo positivo, descontando todos os custos, tem a rentabilidade.
O ROI (Return on Investment) é um indicador que mensura exatamente esse conceito. Você pode calculá-lo pela seguinte fórmula:
ROI = (SALDO FINAL – SALDO INICIAL)/(SALDO INICIAL)
Essa é uma maneira simplificada de expressá-lo. Mas se presta bem ao que queremos. Suponha, por exemplo, que você investiu R$ 10 mil em uma aplicação. Ao final de 90 dias, resgatou R$ 10,5 mil, já descontando tarifas, Imposto de Renda etc. Seu ROI terá sido de:
ROI = (10.500 – 10.000)/10.000 = 5%
Percebe como não tem nada a ver com a liquidez? Os dois interagem e influenciam um no outro, mas são distintos. A relação entre eles é que vai dizer para você se um investimento é ou não adequado às suas necessidades e ao seu perfil de investidor.
Lembre-se de que maior liquidez não é, necessariamente, um sinônimo de vantagem. Da mesma forma, uma rentabilidade alta também não.
Ou seja: se você buscar disponibilidade, um investimento de longo prazo não é vantajoso. Mas, se tiver “fôlego” para esperar os prazos de aplicação, pode ter retornos bem melhores.
O melhor é combinar liquidez e rentabilidade
Mas você pode (e deve) procurar equilibrar esses dois conceitos para atingir seus objetivos. Procure identificar o prazo mais elástico em que pode deixar seu dinheiro aplicado e avaliar as opções com melhor rentabilidade dentro desse limite de tempo.
Vale lembrar também que você não precisa, necessariamente, investir todo seu dinheiro em apenas uma aplicação. Montar carteiras de investimento que mesclem diferentes cenários pode ser o segredo do sucesso.
Que tal investir sua reserva de segurança em uma aplicação de maior liquidez e o dinheiro para faculdade dos filhos em outra com maior rentabilidade em longo prazo? Fazer a integração desses fatores é a forma mais inteligente de maximizar seus resultados.
Observando a armadilha da liquidez com manipulação de juros
Por fim, um último adendo, é a atenção necessária à Armadilha da Liquidez, ou Liquidity Trap. O cenário econômico impacta diretamente sobre o resultado de investimentos.
Posto isso, precisamos entender a dinâmica do mercado, que é a movimentação do dinheiro entre os seus componentes: famílias, empresas, mercado de produtos e instituições financeiras. O dinheiro circula entre todos, passando de um para outro no processo de aplicação, compra e venda de ativos etc.
Em situações de recessão, consumidores podem aumentar suas reservas e minimizar esse fluxo de dinheiro, reduzindo a atividade econômica.
Assim, os bancos aumentam a oferta de dinheiro, reduzindo taxas de juros, esperando que os consumidores voltem a ganhar confiança no mercado e movimentem seus recursos. Isso que entendemos por manipulação de juros.
Acontece que investidores, acompanhando o baixo desempenho dos juros no mercado, investem em opções de alta liquidez, esperando que o aumento dos juros aconteça para resgatar suas aplicações em um momento de alta. E ficam presos a esse ciclo. Isso se chama Armadilha da Liquidez.
O ideal, portanto, é que o investidor estabeleça âncoras de segurança. E isso ele faz, reiteramos, diversificando seus investimentos, equilibrando segurança, rentabilidade e liquidez, para não ficar suscetível a esse ou nenhum outro fenômeno econômico que possa prejudicar seu equilíbrio financeiro.
Agora que ficou claro o que é liquidez de investimentos e qual seu peso na escolha das melhores aplicações, assine a nossa newsletter e receba sempre nossas melhores atualizações diretamente em seu e-mail!