Se você chegou até este texto, é porque já ouviu falar em planejamento financeiro familiar, mas tem dúvidas de como colocá-lo em prática. Afinal, à primeira vista, parece que nada pode ser reduzido, muito menos eliminado, não é mesmo?
Essa é apenas uma impressão. Como você verá ao longo deste post, várias são as ações que podem ser tomadas para organizar as finanças. Mas é imprescindível contar com a colaboração de todos os familiares. Caso contrário, seu esforço pode ser em vão.
Então, o que fazer para colocar as boas práticas financeiras em dia? Neste artigo, apresentaremos várias dicas, que podem ser empregadas rapidamente e sem problemas.
Quer saber quais são elas? Confira, a seguir.
Como elaborar um planejamento financeiro?
O primeiro passo é compreender que essa ferramenta é essencial para organizar as despesas de maneira racional e funcional. O objetivo é conseguir equilibrar a relação entre receitas e despesas. Porém, essa parece ser uma tarefa impossível para algumas pessoas.
O segredo está em considerar algumas questões relevantes nesse processo. A primeira delas é encarar a sua família como uma empresa. Achou estranho? A ideia é apenas compreender que existem custos fixos e variáveis, assim como receitas. Saber diferenciar esses aspectos é fundamental.
Nesse sentido, é importante saber que os custos incluem impostos, contas da casa, do carro e outras que o seu núcleo familiar tenha.
Já as receitas são o seu salário e qualquer renda extra que tiver, como uma pensão alimentícia, aposentadoria ou a remuneração de um segundo emprego (como um trabalho freelancer ou a venda de bijuterias e cosméticos).
O segundo critério relevante nessa discussão é entender que o planejamento independe da sua renda. Por mais que você duvide nesse momento, continue lendo. Você verá que essa prática é um hábito, que requer disciplina.
A importância do planejamento financeiro
O conhecimento do total de famílias brasileiras endividadas ou com contas em atraso demonstra a relevância dessa prática.
Segundo dados apresentados pela Agência Brasil, o percentual chegou a 25,2% em março de 2018. O principal compromisso financeiro foi o cartão de crédito, que afetou 76,4% dos entrevistados, seguido dos carnês (16,6%) e o crédito pessoal (10,4%).
Além disso, 10% das famílias endividadas declararam que permaneceriam nessa situação por serem incapazes de revertê-la nesse momento.
Mas por que esses dados são importantes para você? Talvez sua situação seja diferente. Porém, sem planejamento financeiro, você pode ingressar nessa estatística.
Esse é o principal ponto de destaque desse hábito. Porém, o impacto da prática vai além. Ele ajuda a manter o equilíbrio entre o casal e também entre pais e filhos, já que todos trabalham em prol de um bem comum.
Esse aspecto é tão importante que o Gustavo Cerbasi, especialista em finanças pessoais, apresenta em seu livro “Os segredos dos casais inteligentes” que o dinheiro é o segundo maior motivo de separação em todo o mundo. Assim, fica claro que todos devem trabalhar o ciclo da riqueza, ou seja, praticar a tríade: ganhar, guardar e investir.
A finalidade é ganhar o máximo possível, inclusive com a busca por formas de complementar a renda. Em seguida, guardar o que puder por meio do corte de custos, eliminação de supérfluos e substituição por alternativas mais baratas. Por fim, aplicar seu dinheiro em investimentos seguros que tragam um bom retorno.
Para chegar lá, vale a pena adotar ferramentas específicas, como uma planilha no Excel ou um aplicativo financeiro. No primeiro caso, você pode baixar uma opção já pronta ou criar um modelo simples que se ajuste à sua realidade. No segundo, há várias opções, como Guia Bolso, Mobills, Expense IQ, Gullak, Gastos Diários e por aí vai.
Perceba que o propósito sempre é garantir o máximo de eficiência nesse processo. Para isso, explique a situação para todos os familiares e foque no aumento de receitas, bem como na redução de despesas.
Lembre-se ainda de ter um controle de toda a movimentação financeira e de garantir que a remuneração seja maior que os gastos. É assim que você começará a organizar suas finanças e alcançará o equilíbrio.
Como organizar os custos e receitas?
A eficiência do planejamento financeiro passa por 4 etapas. Veja quais são elas, em seguida.
Diagnosticar
O objetivo nesse momento é compreender qual é a renda e as despesas totais. Por mais que pareça óbvio, é comum haver pessoas que desconhecem quanto realmente recebem durante o mês e o valor que desembolsam com contas e despesas diárias. Considere pelo menos 1 mês, se tiver renda fixa, e 3 meses, se for variável.
Sonhar
A ideia aqui é listar pelo menos 3 objetivos que sejam individuais ou compartilhados por todos da família. Tenha em mente que os de curto prazo devem ser realizados em até 1 ano, os de médio prazo entre 1 e 5 anos e de longo prazo acima disso. Perceba que essa definição é essencial para manter o foco e a disciplina de todos.
Orçar
O processo tradicional é diminuir as despesas dos ganhos e obter o resultado, que pode ser lucro ou prejuízo. Porém, você tem que incluir um elemento nesse processo: seus objetivos.
Inclua-os na subtração para saber quanto poderá poupar e colocar a economia antes dos gastos.
Poupar
O diagnóstico financeiro permitirá prestar atenção ao que é realmente importante. Depois, é só aplicar em investimentos que permitirão multiplicar o dinheiro e alcançar suas metas mais rapidamente.
Esses 4 estágios de um bom planejamento financeiro familiar precisam ser colocados em prática a partir de ações bem estruturadas.
Nesse contexto, a organização é um item fundamental, porque é a partir dela que você conseguirá definir os principais quesitos de atuação de acordo com a sua realidade.
Para ajudar nesse contexto, listamos algumas ideias que contribuem para esse processo.
Considere a quantidade de membros na família
As pessoas que moram na sua casa e estão em idade produtiva podem e devem contribuir para o orçamento doméstico. Considere toda a renda regular recebida e verifique quanto cada um pode ajudar para alcançar os objetivos traçados.
Caso existam crianças, tenha em mente que elas podem colaborar de outra forma. Por exemplo: elas podem compreender que nem todos os seus desejos serão supridos na ida ao supermercado e que devem economizar a mesada para comprar o videogame que querem. Essa é uma forma, inclusive, de realizar uma educação financeira.
Trace seus objetivos e metas em conjunto
Essa definição também deve ser feita junto com todos os membros da família, mas depende das características de cada sonho, ou seja, o prazo necessário para que sejam cumpridos.
Os de curto prazo são, por exemplo, pagamentos de dívidas, compra de algum item eletrônico ou eletrodoméstico etc.
Já os de médio e longo prazos são objetivos maiores, como viagens para férias, pagamento de faculdade para os filhos, reformas na residência, compra de outro imóvel ou a aquisição de um novo veículo.
Sobre as metas, é importante determinar limites de gastos para cada categoria de despesa. Por exemplo: saúde, alimentação, moradia etc. O ideal é que:
- 35% sejam para as despesas variáveis, que são aquelas que só são pagas se você utilizar, como passeios, compra de roupas, gastos no cartão de crédito, supermercado etc.;
- 15% para investimentos;
- 50% para despesas fixas, como aluguel, internet, TV a cabo, luz e água.
Compartilhe a informação com todos os familiares e conte com a colaboração deles para garantir que a quantia predeterminada seja cumprida.
Perceba que a ideia é que todos compreendam que são responsáveis pelo planejamento financeiro e pelos gastos familiares. Para incentivá-los, você pode definir um prêmio quando as metas de gastos forem atingidas. Pode ser um passeio ou um jantar, por exemplo.
Essas questões podem ser definidas em reuniões mensais. Converse com todos os familiares, relembre quais são as metas e o que é necessário garantir para que sejam realizadas. Seja transparente e mostre a situação real, porque assim há a percepção de que a atitude de um impacta diretamente o bem-estar dos outros.
Evite dívidas
Os débitos em aberto e que já estão sendo pagos devem ser quitados com prioridade. Uma boa ideia é reunir uma quantia significativa e amortizar a dívida, porque isso leva a um recálculo dos juros.
Caso você esteja no vermelho e nem consiga pagar o que deve ou a sua parcela, tente renegociar com a instituição. Verifique o percentual da taxa de juros e tente chegar a um consenso para quitar o débito.
Se for impossível ou os encargos ainda sejam elevados, considere pegar um empréstimo mais barato para trocar a dívida. Assim, você paga o que é mais caro e tem uma prestação menor para desembolsar mensalmente.
Dica: assegure-se de que conseguirá pagar a nova dívida. Caso contrário, o objetivo terá o efeito contrário, isto é, você se afundará ainda mais.
Por fim, evite novos endividamentos. Esse é um hábito ruim que leva a uma situação de dependência difícil de ser sustentada.
Ele ainda dificulta o alcance de objetivos e compromete a renda e a tranquilidade da família. Por isso, opte por sempre pagar à vista. Mesmo que a compra no cartão de crédito seja livre de juros, reúna a quantia total e verifique a possibilidade de um desconto.
Considere que todas essas indicações preveem manter e respeitar seu padrão de vida. Por mais que você tenha uma renda significativa, por exemplo, de R$ 20 mil por mês, de nada adiantará se estiver endividado ou não conseguir poupar. Tenha essa ideia em mente, porque ela é fundamental para o presente e, principalmente, para o futuro.
Por que fazer um planejamento de longo prazo?
Programar sua vida com antecedência é a melhor opção para mudar sua relação com o dinheiro. É a partir desse planejamento financeiro familiar que você saberá onde está, aonde quer chegar e quais caminhos podem ser seguidos durante esse processo.
Porém, há um aspecto muito relevante: a construção e consolidação do seu patrimônio. Isso só é conquistado em longo prazo e depende de dedicação e esforço. Uma ideia é aumentar a renda da família por meio da geração de receita extra — explicaremos melhor como fazer isso no próximo tópico.
Outra medida importante é criar uma reserva de emergência. A ideia desse fundo é ser utilizado em caso de imprevistos, como doença inesperada, desemprego ou qualquer outra atitude que demande uma quantia significativa repentinamente.
Por isso, o ideal é ter entre 6 e 12 meses de despesas mensais guardadas em aplicações de alta liquidez, ou seja, que podem ser sacados a qualquer momento. Para começar a economizar, primeiramente pague as dívidas e depois guarde 15% da renda para esse objetivo.
Esses aportes mensais devem ser realizados até que você tenha a quantia necessária para situações de emergência. Somente depois disso é que você pode pensar em investimentos com menos liquidez.
Seguindo essas dicas, você garante que poderá tomar a melhor decisão frente a um imprevisto e ficará isento de possíveis endividamentos futuros. Além disso, sua família deixa de depender de empréstimos bancários, que exigem o pagamento de juros e outros encargos.
Assim, a tranquilidade é mantida e são evitados apertos e transtornos emocionais. Afinal, a relação com o dinheiro tem um impacto direto na tranquilidade e no bem-estar de toda a família.
Como gerar receita extra?
Ter uma renda a mais é outra atitude necessária para quem deseja melhorar e equilibrar suas finanças. Essa medida deve ser uma constante, especialmente porque se tornou muito fácil encontrar mais formas de ganhar dinheiro pela internet.
Porém, isso é insuficiente. O recomendado é que sua ideia seja viável, existam pessoas interessadas e seja algo que você goste para que a atividade seja desenvolvida com paixão.
Para escolher uma opção interessante para o seu caso, listamos a seguir algumas práticas que podem ser adotadas agora mesmo. Confira.
Monetize em blogs e redes sociais
Ganhar dinheiro na internet é a ideia nesse caso. Porém, você precisa ter um conteúdo relevante para atrair o público.
O processo é bastante simples: você faz parcerias com empresas e na sua página ou site aparecem anúncios. Quando alguém clica em um deles, você recebe uma porcentagem, conforme o consenso com o anunciante.
Venda itens que deixou de usar
Comercializar roupas, sapatos e acessórios que estão guardados e sem serventia são uma boa maneira de obter uma renda extra. Há quem faça disso quase uma profissão em sites como o Enjoei e o Repassa.
A ideia é facilitar as vendas e alcançar um público potencial maior. Porém, o objetivo é que as peças estejam em bom estado, porque a concorrência é grande. Essa também é uma maneira de ganhar uma margem de lucro maior. Do total vendido, um percentual fica para o site e o restante volta para você.
Se prefere ficar com todo o lucro, pode buscar grupos em WhatsApp e redes sociais que negociam roupas e outros artigos constantemente. Essa é uma alternativa válida para aumentar suas receitas.
Responda a pesquisas online
Existem sites que remuneram as pessoas que respondem a pesquisas de opinião. Alguns deles são: Opiniões de Valor, Mundo de Opiniões, Conectai Brasil e Global Test Market.
Se você souber inglês e quiser ter mais oportunidades, o teste online da Netflix, o Hermes, permite responder questionamentos de múltipla escolha para verificar sua capacidade de compreender o idioma. Se passar, terá a possibilidade de identificar erros linguísticos, traduzir expressões idiomáticas e até fazer legendas para a empresa.
Ofereça aulas particulares
Repassar seus conhecimentos é uma boa maneira de ganhar uma renda extra. Ofereça aulas sobre algum assunto que domine e destaque que o atendimento pode ser presencial ou online. Esse detalhe aumenta muito suas chances de conseguir um aluno.
Alugue sua garagem
Há várias possibilidades de locar sua garagem, seja por um período determinado, seja durante todo o dia ou final de semana. Basta usar um aplicativo como o ezPark, que conecta pessoas que têm esse espaço disponível com aqueles que precisam estacionar o veículo.
Crie seu e-commerce
Empreender é o seu sonho? Mesmo que sua resposta seja “não”, essa é outra forma de ganhar uma renda extra. Caso tenha pouco tempo e disposição para investir, comece em plataformas já existentes, como Mercado Livre e OLX. Quem sabe essa seja a oportunidade que você esperava para ir além e ganhar mais.
Alugue seu imóvel
Locar a sua residência, um imóvel que esteja vago ou apenas uma parte da sua casa, pode ser uma boa alternativa para conseguir uma renda extra. Por meio de sites como o AirBnB, você terá um hóspede por alguns dias e lucrar com isso.
No site citado você consegue locar o imóvel a partir de R$ 36 por dia. Segundo dados da Exame, o preço médio da diária em São Paulo, por exemplo, é de R$ 207 fora da temporada.
Em apenas 7 dias, você consegue lucrar, nesse caso, R$ 1.449. Claro que, desse montante, ainda há o desconto de gastos com limpeza, alimentação e internet, mas ainda assim é uma quantia considerável.
Por que é importante fazer uma reserva de emergência?
Esse assunto já foi abordado rapidamente aqui, mas qual é a real relevância de ter esse fundo para imprevistos? Listamos abaixo alguns pontos que justificam essa atitude.
Garante sua segurança financeira diante de imprevistos
As situações inesperadas podem ocorrer a qualquer momento e por diferentes motivos. Quando você está sem o recurso disponível, costuma ficar endividado e isso reflete até na sua qualidade de vida e bem-estar.
Observe que o planejamento financeiro da família passa por rendas e receitas fixas, mas também por períodos ruins e imprevistos que exigirão um desembolso repentino e de quantia mais elevada.
Inicia o processo de planejamento financeiro
O primeiro passo para começar a economizar é ter sua reserva de emergência. É a partir disso que você iniciará a disciplina e a educação financeira para evitar gastos supérfluos.
Esse processo pode levar algum tempo e depende de pequenas atitudes, como a troca de um restaurante pela comida em casa, uso de transporte público em vez de táxi e aquisição de remédios genéricos.
Por mais que essas ações pareçam pequenas e insignificantes, na verdade elas são bastante importantes e impactam positivamente no final do mês. Quando perceber que isso acontece, verá que seu dinheiro vale mais do que pensava inicialmente.
Permite começar a investir
O emprego de seu dinheiro em aplicações financeiras só pode ser feito a partir da formação da reserva de emergência. Afinal, pouco adianta ter capital guardado, se for impossível sacá-lo em pouco tempo.
Oferece uma renda extra
Essa possibilidade pode ter sido ignorada no tópico anterior, mas ela é válida e deve ser reforçada aqui. Os investimentos financeiros oferecem o pagamento de juros, que fazem seu dinheiro multiplicar.
Por isso, é interessante empregar os recursos em uma aplicação segura, de liquidez diária e com boa remuneração, como o Certificado de Depósito Bancário (CDB).
Esse é um título emitido pelos bancos que pode ter rendimento pré ou pós-fixado. No primeiro caso, você já sabe quanto receberá. No segundo, ganhará a variação de um indexador, que geralmente é o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que mensura as operações entre os bancos.
Permite reinvestir os juros
A remuneração obtida com as aplicações financeiras facilita o reinvestimento em outras modalidades. O resultado é a possibilidade de obter ainda mais e conseguir um retorno considerável.
Isso ocorre porque você trabalha com os juros compostos, isto é, quanto mais você aplica, maiores são as chances de elevar seu patrimônio.
Dessa forma, fica claro que o planejamento financeiro familiar é essencial em qualquer contexto. Porém, é preciso seguir as dicas apresentadas para garantir que você obterá o máximo rendimento possível. Com isso, você ficar longe das dívidas, terá dinheiro para imprevistos e ainda consolidará seu patrimônio com aplicações financeiras inteligentes.
Gostou das dicas? Então, aproveite e assine a nossa newsletter para conferir outras sugestões interessantes para equilibrar suas finanças e garantir um futuro tranquilo e estável.